A humanidade

Dia-a-dia observa-se a ambição das pessoas na política, no mercado de trabalho e inclusive na vida social. Os crimes aumentam e estes passam de raros a uma constante na vida da humanidade. E se outrora os maiores comiam os mais pequenos em sua virtude, então agora atropelam-se e esmagam-se até que estes não consigam sair do chão.

Mas não consta apenas a ambição da enorme lista de defeitos da humanidade. A traição, a vaidade, a ignorância, e ainda muitas outras predominam. Ao menos a escravatura acabou, dizem alguns, mas então e o trabalho infantil e a exploração dos trabalhadores nos países em desenvolvimento? Se acabou? Claro que não, são “negócios” demasiado lucrativos para alguém lhes por fim.

Padre António disse que nós somos o sal da terra como tal, salgar a Terra, purificar e eliminar toda a corrupção existente à sua superfície é nossa obrigação, mas ao permitirmos este tipo de violação dos direitos humanos apenas mostramos que de antigamente nada mudou. O mal prolifera mais e mais e se os nossos antepassados tivessem o prazer de ver o nosso mundo, tal e qual como ele é agora, ficariam envergonhados de serem humanos. Um ser racional que não evolui psicologicamente ou socialmente portanto, como será que retiraremos o mal das nossas vidas se todos nós contribuímos para que ele exista?

“Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre” O Homem é mau e fuja quem puder, pois se alguém for apanhado nas enormes garras da humanidade então sofrerá e se neles confiarem, morrerá. Padre António defendia este raciocínio e eu reforço-o. Deixem os Homens enquanto podem pois deles nada de bom provirá, apenas mágoa e sofrimento.

Antigamente, num tempo de escravatura e opressão, um homem fez-se ouvir por cima das vozes que o tentavam abafar e que ficou para sempre na memória. Padre António Vieira, um defensor dos direitos humanos mesmo antes de estes existirem que no séc. XVII recorre ao uso de uma alegoria, compara os Homens a peixes, proferindo o “Sermão de Santo António aos peixes”.